O Bodhisattva representa a linha de frente da doutrina e da prática do Budismo tibetano. O “Buda à SER” , atende a um chamado especial depois de ter entrado em contato com Buda e fazer os votos do bodhisattva. Movidos pela compaixão universal, os seres que decidem seguir o árduo caminho do bodhisattva, têm esta iniciativa fundamentada no amor altruísta por todos os seres e criaturas sencientes, e visam ajudar a todos a transcender as tendências manifestas do universo, caracterizadas pelo sofrimento que nos mantém atados ao ciclo das encarnações.

No caminho do bodhisattva o mesmo tem que cultivar bodhichita, ou a “mente do despertar”. Este compromisso o bodhisattva pode honrar de duas formas: atingindo o despertar efetivamente nesta jornada, a iluminação (tornando-se um Buda), ou mantendo vivo o compromisso de atingir este estágio, se dedicando ao máximo para atingir a perfeição do ser manifesto.
Para que o bodhisattva consiga atingir sua meta de se tornar um com Buda e ajudar os demais seres à se livrarem do sofrimento ele faz o voto do bodhisattva, o que segundo as tradições ocorre no contato com um Buda em prévias encarnações ou no período entre as vidas. Neste voto, o aspirante à bodhisattva faz seu compromisso em atingir a perfeição seguindo diversas virtudes espirituais.
“ No coração da pratica da visão Mahayana do Budismo está o desenvolvimento das perfeições (paramitas), ou virtudes, tidas como essênciais a todo aquele que percorre o caminho do bodhisattva. São elas: a generosidade (dana), a moralidade (shila), a paciência (kshanti), o vigor (virya), a meditação avançada (dhyana) e a compreensão (prajnya). Algumas vezes essa lista aumenta para incluir outras perfeições – a “eficácia quanto aos meios” (upaya), a convição (pranidhana), a força (bala) e o conhecimento (jnana). O Lankavatara Sutra, um famoso texto budista, diz que as paramitas são “idéias de perfeição espiritual, destinados a servir de orientação no caminho do bodhisattva em direção à realização de si mesmo… devem ser vistos como ideais para a vida mundana (dana e shila), depois como ideiais para vida emocional (shnati e virya) e, finalmente, como idéias para a vida espiritual ( dhyana e prajnya)”.
Ao cumprir com dedicação seu voto de praticar as seis ou dez perfeições, o bodhisattva demonstra toda sua compaixão e sua vontade de servir como ferramenta divina para o despertar dos outros seres humanos, aliviando o sofrimento de todos os seres e criaturas. Na visão destes amados trabalhadores da luz, a dor dos outros é da mesma forma a própria dor, e seu votos serão realizados quando a humanidade atingir um estágio onde não houver mais dor ou sofrimento, a completa transmutação da dualidade, vencendo finalmente a ilusão de maya. O compromisso do bodhisattva é acabar com o sofrimento de todos, e enquanto este ainda existir, estes amados mestres da compaixão continuarão a encarnar para realizar sua divina tarefa.
Um dos bodhisattvas mais conhecidos no ocidente é o Dalai Lama, que representa a encarnação de Avalokiteshvara, o bodhisattva da compaixão, que é também considerado como patrono e guardião do Tibete. Este ser tem sucessivas encarnações nas montanhas geladas do Himalaia e preserva a tradição e o caminho que seguem os budistas da tradição Mahayana há séculos. Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama, nasceu em 1934 e é a décima quarta encarnação do Dalai Lama.