Ondas da Sabedoria

As alegorias que envolvem nossa consciência e o oceano são a base de muitos ensinamentos orientais. Krishna ensina estas chaves de expansão da consciência para seu discípulo Arjuna, e explica a manifestação da natureza e sua essência vibracional, que ocorre através de ondas, ou gunas. Estas gunas ou qualidades básicas, são explicadas como “tendências” de manifestação, e nomeadas Sattwa, Rajas e Tamas.

Considerando a consciência cósmica como o vasto oceano, as gunas seriam representações das ondas, as manifestações “individuais” que formam o infinito oceano da onisciência. As ondas como toda emanação, é uma vibração em constante movimento, um eterno fluxo que apresenta diferentes padrões. Todas as ondas possuem em diferentes graus, uma base, uma parte-média, e uma crista (AUM); formando uma trindade manifesta, em diferentes níveis de vibração.

A Sattwa guna é a base da onda, a manifestação mais sutil do universo, pois mantém sua consciência ligada intensamente ao vasto oceano, e percebe a si mesma como uma leve protuberância, formando uma onda tão sutil que mal parece se destacar do oceano. A sattwa guna está ligada com a essência “superior” da criação, o aspecto Brahma da divindade, e manifesta em nós seres humanos as qualidades dos “BodhiSattwas”, eternos discípulos do AMOR que vivem em sabedoria, bondade e caridade desinteressada.

A Rajas ou rajoguna é a porção central da onda, o caminho intermediário que pode levar a transcendência da individualidade ou ao apego cada vez mais intenso à consciência do ego. Esta guna está associada a Vishnu, o aspecto “perseverador” da divindade. É o sensor de direção para que possamos perceber para onde o magnetismo de nossos pensenes (pensamentos, sentimentos e energia) e ações estão nos levando.

A crista é a porção mais longe da base do oceano, e este “afastamento” gera a ilusão de Tamas, a ignorância, e aumenta a espessura do véu que separa o ego da consciência suprema. Quanto mais cresce a onda de ascensão do ego em maior intensidade se manifestam as tormentas da vida. Tamas é associada à Shiva, o aspecto “destruidor”, que encerra um ciclo para que outro recomece.

“Sáttwica é ação divinamente inspirada, realizada com perfeito desapego, sem levar em conta gostos e aversões, e sem cobiçar seus frutos. A ação é rajásica quando motivada por desejos, realizada com a consciência egóica e seguida da sensação de um grande esforço. A ação tamásica é realizada com negligência, sem atentar para a própria capacidade e sem olhos para as possíveis conseqüências – por, exemplo, fracasso, ferimentos ou qualquer outro acidente desastroso para a pessoa ou os outros.” Bhagavad Gita (18:23-25)

Refletindo sobre estas alegorias, podemos compreender que nós somos como as ondas deste oceano de AMOR que é a vida, e cabe a cada um de nós decidir de qual maneira queremos seguir na manifestação.

Cultivando pensamentos positivos, bons sentimentos e praticando ações “sáttwicas” estamos vibrando em sincronismo com a essência do oceano, e permitindo que o AMOR seja o fluxo de renovação em nossas consciência, num processo infinito de criação e expansão de nós mesmos.

Assim como as ondas, nós parecemos individuais, mas vibramos em juntos, em séries, e estamos totalmente conectados e interligados. Assim que assumimos que somos filhos da mesma FONTE, o Oceano Infinito de AMOR, entendemos que somos todos irmãos e que SER AMOR é viver a vida na integralidade, aceitando nossa essência e manifestando a Sabedoria cristalina dos filhos divinos que somos. Bem aventurados os que vibram no AMOR de Krishna!

Mautama Krishnarabi